“Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade” (I Jo 1,9).
“Meu Coração está repleto de grande misericórdia para com as almas, e especialmente para com os pobres pecadores. Oxalá possam compreender que Eu sou para eles o melhor Pai, que por eles jorrou do Meu Coração o Sangue e a Água como de uma fonte transbordante de misericórdia” (cf. Diário de Santa Faustina – 367).
Acreditar na misericórdia de Deus é saber que seremos perdoados sempre, independente do nosso pecado. Aparentemente não conseguimos acreditar nesta verdade porque as nossas experiências humanas contradizem. Primeiro porque não conseguimos nos perdoar acreditando que não somos merecedores, e isto é realmente verdade: jamais seremos merecedores da misericórdia de Deus; mas, foi do peito aberto de Seu Filho Jesus que jorrou Água e Sangue, significando concretamente a misericórdia infinita de Deus. Todos nós temos acesso a misericórdia pelo sacrifício de Jesus.
O segundo ponto é a vergonha de cairmos várias vezes no mesmo pecado, mas isso pode acontecer com qualquer pessoa, levando-a a desistir da busca pelo perdão, porque já sabe que vai cair novamente. Deus não é mesquinho e não fica controlando o número de pecados e nem quantas vezes vai nos perdoar; sabemos que Deus é infinito no Seu amor, portanto concluímos que Ele nos perdoará sempre.
Quantas vezes cairmos será a quantidade de vezes que devemos pedir perdão, porque vai chegar uma hora que a graça de Deus irá superar a nossa fraqueza, mas se desistirmos de pedir perdão, o pecado vai prevalecer. Quando não combatemos uma doença com medicamentos ou tratamentos ela proliferará cada vez mais, mas se tomarmos o medicamento, fazendo o tratamento corretamente, estaremos combatendo e não permitindo que ela cresça.
Deus é Deus, pensa, age, faz e executa como Deus; o homem é homem, pensa limitadamente como homem, age impulsivamente, faz com cobranças e interesses e executa com a justiça humana, por isso precisamos confiar na Misericórdia Divina.
Ao buscarmos a misericórdia para o perdão dos nossos pecados devemos nos lembrar que a humildade é fundamental. Caímos nos nossos pecados constantemente e isso nos leva a exercitarmos esta virtude, porque reconhecemos que somos fracos, não somos melhores que ninguém, pelo contrário, somos piores.
O Evangelho é a revelação da misericórdia de Deus, na presença de Jesus Cristo, para com os pecadores: “Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt 1,21).
Acolher a misericórdia de Deus exige de nossa parte o reconhecimento de nossa miséria, como afirma São Paulo: “Sobreveio a Lei para que abundasse o pecado. Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça. Assim como o pecado reinou para a morte, assim também a graça reinaria pela justiça para a vida eterna, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5,20-21). Como o médico examina uma ferida antes de curá-la, assim Deus, por sua palavra e por seu Espírito, projeta uma luz viva sobre o pecado a fim de converter o nosso coração e nos conferir Sua misericórdia.
Do livro: “Kerigma, Encontro Pessoal com Jesus Cristo” de Márcio Múrcia.
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