“Se pudésseis guardar silêncio, tomar-vos-iam por sábios” (Jó 13,5).

O silêncio é uma arma poderosa para abençoar, pois nos proporciona a condição de falarmos menos e acabarmos por falar pouco, evitamos as palavras de maldição. Uma pessoa silenciosa não significa que viva sem falar, sem se relacionar ou conviver, pelo contrário, tem medida nas palavras e coerência nos comentários.

Falar a coisa certa na hora certa é uma máxima de sabedoria para o ser humano. Evitar as palavras fora de hora, indelicadas e maldosas é uma máxima de santidade. Todos nós já presenciamos ou passamos por uma situação em que depois da frase colocada, gostaríamos de retirá-la imediatamente, ou mais tarde. Seu efeito foi bombástico e devastador. Ficamos numa situação delicada e pensamos “Por quê fui abrir a boca? Deveria ter ficado calado”.

As pessoas que falam excessivamente acabam por falar besteiras e terminam por ser indelicadas, ou tornam-se chatas e até insuportáveis. A pessoa emenda uma conversa na outra, um assunto no outro, não se incomodando se estamos interessados ou não. Muitas fazem por ansiedade ou nervosismo, mas na maioria das vezes, é falta de silêncio. A pessoa vive acelerada, a “mil”, como dizemos. Isto é prejudicial para a pessoa, pois ela acaba por ter ações agitadas também.

Conheço pessoas que não conseguem ficar um segundo sem falar, só param quando estão tristes, decepcionas ou doentes. Se nem nestes momentos a pessoa não para de falar, então é melhor fazer uma avaliação psicológica.

O silêncio é uma arma. Quando usado para o mal, como a indiferença, é uma arma mortal e potente. Mas quando usado para o bem, é também potente e uma força devastadora.

“O sábio permanece calado até o momento (oportuno), mas o leviano e imprudente não espera a ocasião” (Eclo 20,7).

Aprender a trabalhar situações e realidades no coração é uma espiritualidade mística e foi experimentada por Nossa Senhora, segundo São Lucas no seu Evangelho. Ele nos relata que: “Ela guardava tudo em Seu coração”.

É uma experiência mística e poderosa quando em oração confiamos em Deus, no Seu amor e poder. As coisas acontecem e se resolvem sem a nossa participação, principalmente sem as nossas palavras. Esta experiência também nos ensina que muitas coisas e situações se resolvem por si só, basta esperarmos que tudo vai se resolver. É uma questão de tempo, de confiança na presença cuidadora de Deus.

O silêncio é a arma do coração. Quando depositamos no nosso coração pessoas, situações, realidades e sentimentos, eles são trabalhados por Deus, porque no nosso coração está a presença de Deus que é a nossa essência.

Quando trabalhado em nosso coração, muito do que falaríamos não se torna mais necessário, digerimos o que nos incomodava e superamos aquela situação. Ela se resolve por si só. Este método nos leva a falarmos na hora certa, retiramos os conceitos pessoais e conseguimos resolver somente o que é necessário.

Também, com o silêncio, nós deixamos de desenterrar as questões antigas que são resgatadas a todo instante e assim não conseguimos resolver a questão atual, porque começamos nela e terminamos sempre nas antigas.

O silêncio é curativo, orientador e leva a pessoa ao amadurecimento humano, psicológico e espiritual. Ele gera serenidade, paciência e concórdia, sendo que a falta dele, proporciona agitação, irritabilidade e confusão.

Do livro: “O Poder da Palavra” de Márcio Múrcia.