“Eis que nasci na culpa, minha mãe concebeu-me no pecado” (Sl 50,7).

“O pecado está presente na história do homem; seria inútil tentar ignorá-lo ou dar a esta realidade obscura outros nomes. Para tentarmos compreender o que é o pecado, é preciso antes de tudo reconhecer a ligação profunda do homem com Deus, pois fora desta relação o mal do pecado não é desmascarado na sua verdadeira identidade de recusa e de oposição face a Deus, embora continue a pesar sobre a vida do homem e sobre a história” (CIC, 386).

Todos somos pecadores, como nos diz São Paulo, porque nossos primeiros pais pecaram: “Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram… Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores” (Rm 5,12.19a).

Pelo pecado de Adão e Eva todos nos tornamos pecadores, mas pelo Sacramento do Batismo foi apagado em nós o pecado original. Mas, infelizmente, pela nossa condição humana voltamos a pecar e com isso ficamos distantes do amor de Deus; é o pecado que nos priva do amor de Deus, e nos impede de desfrutarmos dos Seus benefícios.

O pecado é a desobediência à Deus e às Suas leis. Ofendemos a Deus e ferimos Seu Coração quando pecamos e sofremos consequências negativas dos nossos pecados; somos os mais prejudicados em função dos nossos pecados. Também ferimos a Criação com os nossos pecados, por exemplo, quando desmatamos uma floresta indevidamente e não reflorestamos. Atingimos outras pessoas com o nosso pecado e afetamos a nossa família, o trabalho, a comunidade, a sociedade e tudo que envolve a nossa vida, nada está livre das consequências dos nossos pecados, somos um corpo.

Quando estamos em estado de pecado ficamos privados da graça de Deus, nos afastamos do seu amor e ficamos expostos a todo tipo de mal, pois longe de Deus os nossos inimigos tem livre acesso para nos atingir.

Ninguém precisa nos acusar de nossos pecados, é só fazermos um exame de consciência com a ajuda do Espírito Santo que percebemos o que desagrada à Deus e nos traz consequências. Para nos prepararmos para uma boa confissão muito nos ajudará se examinarmos nossos atos, pensamentos, valores e conceitos que são equivocados e que não condiz com a vontade de Deus para nossa vida.

O pecado não faz parte de nós, ele é um intruso e como tal pode ser banido com a graça de Deus, com uma vida baseada em Jesus Cristo e com aquele que nos defende em tudo, o Espírito Santo. Mas a santidade está enraizada em nós, por isso temos o sentimento e o desejo de tê-la.

A opção pela santidade coloca a nossa liberdade a nosso favor e fazemos esta opção livremente, porque sabemos que quando pecamos abandonamos nossa verdadeira condição de imagem e semelhança de Deus e mergulhamos na imagem e semelhança que o pecado criou em nós.

Somos fracos e condicionados ao pecado, ele é parte dessa nossa condição terrena, mas vamos fazer desta condição desfavorável uma oportunidade para experimentarmos o amor de Deus, pois ao permitir esta condição de pecado Deus sabia da nossa fraqueza e que poderíamos cair, então Ele preparou um antídoto poderoso e amoroso que é a Misericórdia, vamos fazer esta experiência.

Do livro: “Kerigma, Encontro Pessoal com Jesus Cristo” de Márcio Múrcia.

Imagem: padrepauloricardo.org