No dia 1 de Outubro, fazemos memória à Santa Teresinha do Menino Jesus, virgem e Doutora da Igreja. A Novena das Rosas, onde os fiéis pedem a sua intercessão, é rezada entre os dias 22 e 30 de Setembro. Rezemos juntos:

Dia 1: A Pequena Via da Humildade

Teresa de Lisieux, dizia Pio XI, abriu um novo caminho, a “pequena via”, accessível a todos e que leva até à santidade.

Teve ela, sempre, o grande desejo de chegar à santidade. Vendo a imensurável distância que a separava de todos os Santos, em vez de desanimar, dizia consigo:

“O bom Deus não poderia inspirar desejos irrealizáveis; posso, pois, apesar da minha pequenez, aspirar à santidade. Fazer-me maior é impossível, devo-me suportar tal qual sou, com as minhas imperfeições sem número; mas quero achar o meio de ir para o céu por uma pequena trilha bem reta, bem curta, uma pequena trilha inteiramente nova”.

Santa Teresa responde ao chamado de Jesus quando diz: “Se alguém é pequenino, venha a mim”.

Não pensemos que a pequena via é sobre imaturidade ou para menininhas indefesas, é para grandes almas!

É a desconfiança de si, a convicção de que não é nada, de que nada tem, de que nada pode sem a Misericórdia de Jesus.

Uma criança sente-se fraca e pobre, mas fia-se na força e na riqueza dos pais. A desconfiança de si e a confiança em Deus: eis os dois traçados paralelos que assinalam a “pequena via” de Santa Teresa.

“O que agrada a Jesus na minha pequena alma é ver-me amar a minha pequenez, a minha pobreza; é Jesus que faz tudo em mim, e eu nada faço senão ser pequena e fraca”.

“Para ser de Jesus, há que ser pequena, pequena como a gota de orvalho”.

Esta desconfiança de si, quando voluntária e amada: chama-se humildade.

“O espírito de infância”, diz Monsenhor Charles, “mata o orgulho muito mais seguramente que o espírito de penitência”.

Dia 2: Deus exalta os humildes

A própria Santa Teresa assinava suas cartas como “A bem pequena Teresa”, mas, podemos chamá-la de “a grande Teresa”, pois Deus exalta os humildes!

Uma jovem com desejo ardente de morrer como mártir na fogueira, como padre missionário, como defensora da Igreja em um campo de guerra… o que na verdade ela queria nisso tudo, era — escondida — agradar a Deus perfeitamente.

“Não obstante a minha pequenez… Queria ser missionário, não apenas durante alguns anos mas queria tê-lo sido desde o princípio do mundo e continuar até a consumação dos séculos. Mas acima de tudo, ó meu amado Salvador, quereria derramar o sangue por Vós até à última gota”.

A Sagrada Escritura nos ensina que as portas do céu se fecham para os soberbos de coração, mas recebem de bom grado os humildes!

“Não quero mais nada senão o esquecimento; não o desprezo, as injúrias: seria glorioso demais para o grãozinho de areia; se desprezassem um grão de areia, é que o veriam, é que pensariam nele. Que felicidade estar tão bem escondida que ninguém pense em vós, ser desconhecida mesmo das pessoas que vivem convosco!”

Dia 3: Doutora da Igreja e Doutora da vida

Durante toda sua vida, até seu último respiro aqui na terra, Santa Teresinha deu-nos uma lição de como bem viver: no seio da Igreja Católica até morrer de amor.

“Finalmente tinha encontrado a tranquilidade. A caridade ofereceu-me a chave da minha vocação. Compreendi que, se a Igreja apresenta um corpo formado por membros diferentes, não lhe falta o mais necessário e mais nobre de todos; compreendi que a Igreja tem coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia agir os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir-se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho, nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo, que abrange todos os tempos e lugares, numa palavra, que o amor é eterno… Encontrei finalmente a minha vocação. A minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja: no coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor”.

Dia 4: Uma santa família

A família é a escola da virtude e da santidade. Veja que o próprio Deus quis ter uma família, como pode o homem tratá-la com tanta negligência e até desprezo?

Santa Teresinha cresceu nesta escola: a família Martin. Seus pais foram canonizados em 18 de outubro de 2015 pelo Papa Francisco.

Ela dizia sobre eles: “O Bom Deus me deu pais mais dignos do céu do que da Terra”.

O lar da família Martin era iluminado de autêntico compromisso religioso. Zélia era esposa fiel, mulher orante, participante da vida sacramental diária. O amor à Mãe de Jesus lhe era vivo e fecundo. Mesmo com a morte de suas crianças e no meio dos maiores sofrimentos, unia-se à Jesus com grande amor. “A festa da Imaculada Conceição é uma grande festa para mim! Neste dia, a Santa Virgem concedeu-me muitas e assinaladas graças. Para mim, não há como esquecê-la”, dizia Santa Zélia.

Luís, o esposo fiel, guardava profundo amor à Eucaristia. Certa vez, escreve Zélia à filha no mosteiro: “Teu pai foi fazer a Adoração noturna na noite passada, ainda que estivesse muito fatigado quando nos deixou, às nove horas da noite.” Em outra ocasião, já havia escrito: “Estou muito feliz com ele, pois torna a minha vida muito doce. Meu marido é um santo homem, desejo um igual a todas as mulheres.” Ao ver o pai rezar, Teresa dizia que via como os santos rezavam.

Dia 5: Sacrificada pelas almas

Nas pequenas e nas grandes coisas, escolheu Teresa sacrificar-se por Jesus, seu Amado.

Ao suar no sol quente, ou ao respingar gotas de água da roupa que lavava, não limpara o rosto para unir-se à Jesus, que tinha Seu Sangue escorrendo pela Sua Santa Face no Calvário.

Certa vez, a freira que lhe ajustava aquela capa creme de carmelita, errou na hora de fechar um alfinete de gancho, cravando-o na pele de Santa Teresinha. Esta, até o momento de tirar o hábito para dormir, aguentou o incômodo e a dor sem gemidos, porque tinha resolvido não recusar nenhum sacrifício que Deus lhe enviasse.

Imagine-se o que seja levar um alfinete cravado na carne o dia inteiro! Mas, é a seriedade de uma alma santa, uma alma-gládio: Eu não resolvi aceitar tudo? A palavra tudo comporta exceção? Não. Logo, isto faz parte do tudo. Logo, deixe aqui o alfinete!

Vencendo o relaxamento e a falta de seriedade, Santa Teresinha modelou sua alma heroica e santa, e soube enfrentar num aparente conforto as terríveis consequências de seu holocausto.

Dia 6: Padroeira das missões

Outubro também é tido como mês missionário. São Francisco Xavier foi um exímio pregador e é padroeiro das missões junto de Santa Teresa. Mas… como uma jovem freira, enclausurada no Carmelo pode ser padroeira das missões?

Pobre visão de missão que o temos! Santa Teresa tinha grande apostolado e arrasta até hoje muitas almas para o céu através dos dois grandes combustíveis: a oração e o sacrifício.

“Dos que não são santos e que não sabem tirar proveito dos seus sofrimentos, desses é de quem eu tenho pena, esses é que me fazem dó! Era capaz de remexer céu e terra para os consolar e aliviar”.

O sacrifício dá a oração um caráter apostólico, missionário, como acreditava Santa Teresinha, colocando-se aos pés da Cruz e participando ativamente da redenção que jorra da Cruz de Cristo. Quando à dor física juntou-se a aridez espiritual e os seus dias tornaram-se como uma longa noite escura, Santa Teresinha fez desta noite uma oração: “Senhor, a vossa filha… pede perdão por seus irmãos, aceita comer durante o tempo que queirais o pão da dor e não quer levantar-se da mesa cheia de amargura onde comem os pecadores até o dia que determinareis”.

Dia 7: A jovem Santa

“Ninguém te despreze por seres jovem. Ao contrário, torna-te mode­lo para os fiéis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade” (1Tm 4,12).

Santa Teresinha é uma santa que cativou corações em todo o mundo, inclusive de todos os papas que vieram depois de sua morte. A maior santa dos tempos modernos, no dizer de Pio XI, que a canonizou em 17 de Maio de 1925. Disse também o Papa: “A estrela do meu pontificado”. Desde antes de ser Bispo ele já carregava sua biografia em sua cabeceira.

Pio X, Bento XV, Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II tinham grande devoção pela jovem Santa. Bento XVI disse que sua vida foi um “luminoso comentário do Evangelho plenamente vivido” e São João Paulo II a proclamou Doutora da Igreja.

Papa Francisco disse: “Essa Teresa, agora, acompanha um idoso. E quero testemunhar isso, quero dar testemunho, porque ela me acompanhou, me acompanha a cada passo. Ensinou-me a dar os passos”.

Que essa jovem Santa nos ensine a amar Jesus com todo nosso coração.

Dia 8: Amiga do Crucificado

Santa Teresinha é grande amiga do Crucificado, disse: “A cruz me tem acompanhado deste o berço” (A 36v). Fortalecida no espírito, e já com 14 anos, ela contou como lhe impressionou uma imagem do Crucificado:

«No coração escutava continuamente o brado de Jesus na Cruz: “Tenho sede!” E estas palavras acendiam em mim um novo ardor… Queria dar de beber ao meu Amado, e sentia-me devorada pela sede de salvar almas… Não eram ainda as almas dos sacerdotes que me empolgavam, mas as dos grandes pecadores. Ardia em mim o desejo de desviá-los das chamas eternas…».

Ela referia-se à oração de intercessão como uma maternidade: gerar na sua virgindade um novo filho para Deus, um filho que nasce junto à Cruz.

Na Cruz Teresinha contempla o mistério de Cristo: ”Nosso Senhor morreu na cruz entre angústias, e apesar disso, essa foi a mais bela morte de amor” (U.C 4.7.2). Por outra parte, Teresinha quer deixar bem claro que não é a cruz o que oferece a verdadeira dificuldade, senão o desapego de si mesmo através do qual a pessoa se entrega a Deus. “As cruzes exteriores, o que são? Cruz verdadeira é o martírio do coração, o sofrimento íntimo da alma…” (Carta 167).

“Num domingo, ao olhar uma estampa de Nosso Senhor na cruz, senti-me profundamente impressionada com o sangue que caía de uma de suas divinas mãos. Senti grande aflição pensando que esse sangue caía no chão sem que ninguém se apressasse em recolhê-lo. Tomei a resolução de estar sempre, em espírito, ao pé da cruz…” (A 45v).

Semelhante à São Paulo, Teresinha quer conhecer, seguir e imitar à “Jesus Cristo, e este crucificado” (1Cor 2,2). Isso traz consigo a adesão da vontade e a resposta de toda a pessoa: ”Jesus me fez amar apaixonadamente essa cruz” (Carta 253).

Dia 9: O sorriso da Virgem Maria

“Misteriosamente” doente de cama, Santa Teresinha foi curada pelo Sorriso de Nossa Senhora. Conta ela:

“Do leito, virei meu olhar para a imagem de Nossa Senhora, e, de repente, a Santíssima Virgem apareceu-me bonita, tão bonita que nunca vira algo semelhante. Seu rosto exalava uma bondade e uma ternura inefáveis, mas o que calou fundo em minha alma foi o ‘sorriso encantador da Santíssima Virgem’. Todas as minhas penas se foram naquele momento, duas grossas lágrimas jorraram das minhas pálpebras e rolaram pelo meu rosto. Eram lágrimas de pura alegria… Ah! pensei, a Santíssima Virgem sorriu para mim, estou feliz… (…) Fora por causa dela, das suas intensas orações, que eu tivera a graça do sorriso da Rainha dos Céu…”

Durante toda sua vida, Teresa carregou grande devoção pela Santíssima Virgem e era feliz por ter tão Boa Mãe, que nunca a abandonou.

Orações da novena

“Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo: eu vos agradeço por todas as graças com que enriqueceste a vida de vossa serva, Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, nestes 24 anos que passou na terra. E pelos méritos de tão querida santinha, concedei-me a graça que ardentemente vos peço (pedir a graça), se for conforme a Vossa Santíssima Vontade e para a salvação de minha alma (ou da pessoa por quem está rezando).

Ajudai minha fé e minha esperança, Santa Teresinha, cumprindo mais uma vez vossa promessa de que ficareis no Céu a fazer o bem na terra, permitindo que eu ganhe um rosa em sinal de que alcançarei a graça pedida.”

Rezar 24 vezes, por cada ano de Santa Teresinha na terra:

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo como era no princípio, agora e sempre. Amém. Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, rogai por nós!