“Não há nada melhor para o homem que comer, beber e gozar o bem-estar no seu trabalho. Mas eu notei que também isso vem da mão de Deus” (Ecle 2,24).
Uma pessoa desempregada está se sujeitando a qualquer tipo de trabalho. Concorda com todas as obrigações, aceita todas as contrariedades, consegue o emprego, e em menos de uma semana começa a reclamar do horário, da função, considera o salário injusto, reclama de trabalhar no sábado. Acontece uma mudança radical.
Ser abençoado no trabalho é ser feliz com o que se realiza. Estar a serviço do outro e da vida, independente da profissão e do trabalho realizado. O médico está a serviço da vida, como o economista, o bancário e o programador de computador.
O bombeiro e o sorveteiro. Ambos estão a serviço da vida; um diretamente o outro também. Existe uma diferença enorme entre uma casa pegando fogo e chupar um sorvete, mas lidamos com o humano nas duas situações.
O trabalho é uma forma de prestar um serviço ao outro. Devemos fazer com amor, carinho, dedicação, eficiência e bom humor. Uma pessoa bem-humorada abençoa a outra, pois irradia bem-estar. Uma pessoa mal-humorada amaldiçoa a outra, pois exala mal-estar.
Nem todos trabalham no que gostam, embora muitos possam trabalhar em qualquer profissão, por não gostarem de nenhuma. Talvez a dificuldade esteja na pessoa e não na profissão. Mesmo não fazendo o que mais amamos, podemos abençoar as pessoas pela nossa delicadeza e prestatividade.
Quando somos felizes em servir ao outro, não importa o que fazemos, vamos nos sentir felizes e realizados e com isso, abençoamos com a nossa alegria. Esta satisfação vai invadir a nossa mente, atingir o nosso coração, proporcionar mais saúde e bem-estar. Esta satisfação vai contagiar às pessoas ao nosso redor.
Quem trabalha mal-humorado é ingrato, pois não sabe reconhecer o dom do trabalho que vem de Deus. O preguiçoso é detestado por Deus e pelos homens. Agradecer pelo trabalho, por mais duro e difícil que seja, vai abrir portas para um trabalho melhor.
Muitas vezes somos injustiçados por não sermos reconhecidos e remunerados pelas nossas aptidões, fidelidade e dedicação, mas não podemos desistir! Deus vê tudo com bons olhos, Ele vai nos recompensar e o reconhecimento humano pode demorar, mas um dia chegará também.
A justiça de Deus sempre acontece através das mãos dos homens. Quem trabalha para ganhar dinheiro, apenas, não experimenta a Providência Divina e vai ficar correndo atrás dele sempre. Torna-se uma competição. Estaremos sempre querendo ganhar e quando perdemos, também perdemos o sentido para a vida.
A corrida pelo dinheiro pode virar uma maldição. O dinheiro é uma bênção de Deus e faz parte da nossa vida. Nunca pode ser o centro, a razão e o sentido da nossa vida. Viver bem com ele é uma máxima de sabedoria para o homem.
Quem trabalha apenas pelo dinheiro, tornar-se infeliz ou escravo dele. Quem trabalha para servir e proporcionar o melhor ao outro, viverá feliz e terá o dinheiro como seu aliado e não como inimigo ou concorrente.
A bênção no trabalho está em servir ao outro, encontrar a gratidão no que faz para ser feliz, experimentar a Providência Divina na vida financeira e partilhar o que conquistou com àqueles que ainda não chegaram a nossa condição.
Pode virar maldição no trabalho, quem trabalha somente para pagar as contas, conquistar coisas, realizar sonhos e acumular bens sem medida. Pagar as contas é uma bênção quando enxergamos e damos espaço para a participação da Providência Divina, que é a presença real de Deus na nossa vida financeira. Atribuir à Providência Divina significa reconhecer o dom de Deus e Sua mão, mesmo sendo tudo fruto do nosso trabalho.
As nossas conquistas são uma bênção, mas quando partilhadas e reconhecidas a graça de Deus e a participação das outras pessoas, seremos gratos e satisfeitos. Os sonhos realizados a qualquer custo, tornaram-se frustração e ilusão. Os nossos sonhos, quando também são os sonhos de Deus, são eternos e constantes. Acumular bens é bom quando se desfruta deles, e são canais para a felicidade, concórdia e não disputas. O principal: para a partilha.
É feliz quem partilha. É infeliz quem acumula sem medida, torna-se uma pessoa arrogante, insensível e se não cuidar, torna-se mesquinho e ridículo. É comum presenciarmos pessoas bem-sucedidas, que acumularam bens em abundância, vivendo como verdadeiros mendigos. Vivendo na mediocridade, sendo que poderiam viver felizes e realizados. Fazem conta de tudo e quanto mais acumulam, mais querem ter. Resumindo: mediocridade.
Existem pessoas que acreditam que a vida termina com a morte. Só pesam no reino da terra e duvidam da vida eterna. Colocam sua confiança nas posses e no dinheiro, mas seu império vai a baixo quando se depara com a morte e não aceitam pensar em sua própria morte. Quando se veem diante dela usam a frase: “Trocaria a metade dos meus bens por mais anos de vida”, ou “Trocaria a metade do meu império por saúde”, nunca dizem “tudo”. É sempre a metade, porque pensam em levar a outra metade para a eternidade.
Quando estão diante da morte só conseguem pensar: “O que vão fazer com o meu império?” Bela ilusão! Todos sabem a resposta. “Eles vão aproveitar tudo o que não aproveitei”, “Vão viver tudo o que eu não vivi”, “Vão gastar com coisas que nunca tive”, e assim por diante.
Outros esbanjam tudo em vida para não deixar nada para os outros e acabam por ficar também sem nada. Quem não consegue dividir, fica sem nada e sem ninguém, sempre.
A bênção no trabalho acontece quando fazemos uso dele para a vida e o bem-estar do outro, servindo-o como filho de Deus, sendo feliz e agradecido, proporcionando felicidade, experimentando a Providência Divina. A maldição se manifesta quando somos escravos do trabalho e não o fazemos pela vida e o bem-estar do outro, e sim, para ganhar dinheiro a qualquer custo, não importando com quem estamos lidando, apenas negócio, pois o trabalho envolve vida e pessoas.
Do livro: “O Poder da Palavra” de Márcio Múrcia.